sexta-feira, 11 de junho de 2010

Amor ou Ilusão?

Ainda falando sobre companheiros que tentam moldar suas companheiras (pode ser o contrário também). Esse é um assunto extenso, e que dificilmente alguém não vivenciou um dia. Penso que há dois tipos de casos assim. Há aquele em que o homem tenta mudar a personalidade da mulher, e aí penso ser muito ruim, porque descaracteriza a pessoa, faz ambos infelizes enquanto constrói-se não uma relação, mas uma ilusão. Nesses casos, por exemplo, a mulher é mais delicada e terna na intimidade e o homem quer que ela se porte como uma prostituta, ou ela se sente bem com o estilo mais moderno e ele quer que ela seja mais clássica, ou ela tem talento e desejo de realizar projetos profissionais e ele quer que ela seja dona-de-casa, enfim, tudo que muda as disposições íntimas que moldam a nossa personalidade e nos faz únicos entre nosssos iguais em humanidade. Mas há um outro tipo de mudança que é benéfica e até é sinal de verdadeiro amor. É aquele em que o companheiro ajuda sua companheira a se despir de vícios que lhe fazem mal à saúde física, espiritual, emocional e psicológica. Um marido que ajuda sua esposa com o alcoolismo, por exemplo, onde ele não tenta mudar a personalidade dela, mas mudar hábitos que são perniciosos para ela, e que até ajudam a esconder sua verdadeira personalidade, porque ninguém que é viciado em qualquer tipo de droga, é totalmente ciente de si mesmo, porque as drogas destróem muito do emocional, do psiquismo e também do espiritual.

Ou então uma esposa que tem sérios problemas com o egoísmo, ou hiper-centrada na vaidade, esquecendo que existe qualquer coisa além dela mesma. Gasta toda sua vida, suas energias e seus potenciais, em cuidar de si mesma fisicamente e esquece do resto do mundo, e até mesmo dos mais próximos. O egoísmo e a vaidade não fazem parte da nossa personalidade, porque são vícios morais que existem para serem extirpados pouco à pouco. O que existe em nós são potenciais divinos que devem ser cada dia mais aflorados e trabalhados, e ajudar nossa cara-metade à ver-se enquanto criatura divina, bela e potente em virtudes por natureza, é uma amar, não tolher.

Agora existe o grande desafio... A pessoa quer mudar? Essa é a pergunta de sempre em processos assim. Não adianta o marido passar anos e anos tentando ajudar a esposa a sair do alcoolismo, da vulgaridade e depreciação de si mesma, se ela não está disposta à isso, se ela "gosta" de viver bêbada, em situações vulgares e depreciativas diante da sociedade e do próprio lar. Ela vai encarar a ajuda dele como tolhimento, e para ela será mesmo um tolhimento, porque se aquela é sua zona de conforto, sair dalí é como se sentir descaracterizada. Em essência e em *verdade* ela estaria sendo amada e ajudada a se descobrir verdadeiramente e à encontrar-se, mas na prática ela se sente rejeitada, muitas vezes até humilhada (quando ela própria está se humilhando no alcoolismo e em situações de ridículo que essa situação proporciona), se sente tolhida e mal-amada, afinal seu marido "não aceita ela como ela é", "não gosta do jeito dela", "não aceita a vida que ela escolheu para si mesma", "é preconceituoso", "a faz sentir-se inferior", e muitas outras coisas, que no fundo são transferências, porque quem faz tudo isso com ela, é ela mesma.

Por tudo isso penso que devemos sempre analisar com cuidado o tipo de mudança que nossos companheiros nos pedem, e até que nós mesmos exigimos deles. Essa "ajuda" é para nos transformar em um modelo que ele idealiza como a "mulher perfeita", ou essa ajuda é realmente uma ajuda para nos encontrarmos em meio à nossos vícios, limitações e perdições pessoais? Essa mudança vai nos fazer bem enquanto criaturas divinas que somos, ou vai nos fazer mal? Essa mudança vai nos deixar com mais saúde de um modo geral, ou vai nos deixar doentes de alguma forma?

Estamos sendo realmente amadas por um companheiro que vê a beleza da nossa alma mais até que nós mesmas, ou estamos sendo moldadas como bonequinhas, para o luxo pessoal de um homem manipulador?

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